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«O tema do valor da vida humana sempre me interessou muito» -Bruno M. Franco lança Jogo Mortal


Atreves-te a jogar?


Depois do grande sucesso que foi Segredo Mortal, o novo livro de Bruno M. Franco chega às livrarias na próxima segunda-feira. Apesar da nova casa editorial do autor, Jogo Mortal acompanha Leonardo e M&M em mais uma complexa investigação de uma série de homicídios na zona da Lisboa.


Nada é o que parece: o Jogo Sem Limites não tem regras e cabe à dupla de investigadores descobrir quem está por detrás deste jogo tão perigoso, antes que faça mais uma vítima.


A Good Books esteve à conversa com o autor para a rubrica do Folha em Branco, no formato por escrito.



Good Books (GB): Para os leitores que ainda não conhecem a série, como descreverias o Segredo Mortal e o Jogo Mortal?


Bruno M. Franco (BMF): São dois livros em que dou primazia à ação e ao desenrolar vertiginoso dos acontecimentos. São dois livros muito intensos, onde nem tudo é o que parece e onde abordo temas que considero importantes, mas sem maçar o leitor.

São dois livros perfeitos para quem quer uma leitura entusiasmante e com adrenalina, daquelas leituras vorazes em que não queremos parar de ler.

Estes dois livros são perfeitos para isso!


GB: Como surgiu a ideia para escreveres o Jogo Mortal?


BMF: Já tinha tido a ideia há alguns anos, na altura em que estava a tentar encontrar uma editora para o primeiro livro. Sempre quis escrever um policial onde se abordasse a temática do valor da vida humana, não só o quanto custa uma vida, mas também por que razão uma vida é mais importante que outra e quem somos nós para o decidir. Sou um grande fã de Hunger Games e foi sempre ambição minha ter um livro com esse espírito e essa característica tão particular porque eu adoro ler livros assim, portanto também iria adorar escrever algo assim, mas adaptado ao meu universo particular onde residem os inspetores Leonardo e Marta.

Vão adorar ver a forma como eles vão encarar este JOGO MORTAL!

GB: Neste novo livro, abordas dois temas muito importantes. O mais filosófico é sobre o valor (quantitativo) da vida. O outro tema é bastante real, sobre o vício no jogo. Quais foram as tuas fontes de inspiração para abordares estes dois temas?


BMF: O tema do valor da vida humana sempre me interessou muito por me deparar com injustiças enormes no mundo. Por exemplo: há países em guerra há imenso tempo e não têm nem um décimo da importância/destaque/preocupação da nossa parte relativamente ao que demos, por exemplo, ao incêndio em Notre Dame em França, onde nem sequer houve mortes mas foi algo que se falou até à exaustão e estávamos todos muito preocupados, mas se calhar explodiu uma bomba no Médio Oriente que matou centenas de pessoas e ninguém quis saber.

Ao ver estas situações, sempre me perguntei: mas porque é que a vida daquelas pessoas vale menos?

Porque é que nós temos tudo e eles não? Que moral temos nós para decidir quem e se os ajudamos, se nós estamos numa posição benéfica apenas por termos tido a sorte de nascer cá? Que culpa têm eles de terem nascido no meio da guerra? Estas questões fazem-me mesmo muita confusão e foi por isso também que quis abordar esse assunto no livro, de uma maneira muito prática. Outro exemplo: a vida do Marcelo Rebelo de Sousa é muito importante, mas se ele tivesse nascido numa família pobre e sem capacidade de lhe dar educação, ninguém se importaria com ele, sendo exatamente a mesma pessoa com o mesmo potencial de ser presidente. O mais certo era escolhermos salvar o Marcelo-Presidente do que o Marcelo-pobre. Valerá a vida de uma médico mais que a de um professor? Ou a de um administrador em relação a um mendigo? E porquê? É um tema interessantíssimo e que adorava ver os leitores debaterem.


O vício de jogo é um tema que gostei bastante de abordar porque quando começou a febre das apostas desportivas online há uns anos, também decidi experimentar e percebi em primeira mão as sensações, ainda que com valores monetários muito pequenos, de ganhar ou perder uma aposta e percebi como é fácil uma pessoa perder-se nesse mundo. Felizmente, sou de tal forma forreta que nunca me deixei levar! Mas foi impactante ler sobre algumas vidas destruídas pelo vício do jogo. É terrível ver onde algumas pessoas foram parar por causa das apostas e isso é demonstrado no JOGO MORTAL.



Bruno M. Franco, autor da série Mortal

GB: Qual foi a parte mais difícil de escrever? E a mais fácil?


BMF: Houve três partes mais difíceis, e tudo pelo conteúdo descrito nessas partes. Estou a falar de duas mortes e uma descoberta que mexeu um pouco comigo enquanto autor.

A parte mais fácil foi a escrita da fase final do livro porque já tinha o enredo todo definido e o final na cabeça e parecia que estava a escrever a uma velocidade super rápida, os dedos voavam no teclado e foi uma sensação muito boa.



GB: Como foi a tua rotina de escrita para este livro? Alteraste alguma coisa?


BMF: Por acaso alterei. Neste JOGO MORTAL estabeleci uma forma diferente de escrever, nomeadamente a parte da criação do enredo e da ação. Decidi escrever num caderno toda a história do livro, por tópicos, para ir definindo tudo antes de começar a escrever. Claro que muita coisa foi alterada quando estava a escrever o livro no computador, mas o colocar num caderno a linha da história ajuda-me muito a não perder tempo quando escrevo e a saber bem para onde vou, ainda que faça alguns desvios de vez em quando; mas, quando os faço, é sempre porque me surgiram ideias ainda melhores.

Gostei deste processo e já fiz o mesmo para os livros seguintes. Funciona muito bem comigo.


GB: Quanto tempo demoraste a escrever o Jogo Mortal?


BMF: A parte da escrita em si foram uns 3/4 meses, mas a criação da história no caderno foram outros 3 meses.



GB: Sem querer dar spoilers, a leitura deste livro torna-se muito interativa com o leitor. Como surgiu esta ideia: foi algo que tinhas em mente, ou foi uma sugestão da editora?


BMF: Essa parte é espetacular e acredito que seja único em Portugal! Nesse sentido, sinto que revolucionámos a literatura no país (se estiver errado, depois digam-me por favor). A ideia foi da Penguin e eu adorei imediatamente. Foi amor à primeira vista. Claro que ainda debatemos todos juntos o que realmente faríamos com a ideia, e aí participei ativamente, mas a ideia inicial foi da editora e fiquei muito contente por podermos pôr isso em prática. Acho que todos os leitores vão adorar.



GB: Ao longo deste livro, vemos uma enorme evolução de escrita, tanto do ponto de vista linguístico como de construção do enredo. Foi algo que tiveste em atenção (p. ex. com o feedback que foste recebendo do Segredo Mortal)? Consideras que esta oportunidade com a Penguin Random House também te permitiu/permite crescer enquanto escritor?


BMF: Fico feliz por teres notado essa evolução! Acho que é um objetivo que está (ou deve estar) presente em todos nós, o de querermos ser melhores. Nem sempre é possível, mas há que celebrar quando o conseguimos. Com a publicação do primeiro livro fiquei muito por dentro do mundo da escrita e li com toda a atenção as reviews e mensagens pessoais que os leitores me enviaram.

A opinião dos leitores é muito importante para mim e tento sempre melhorar os aspetos mais focados por eles.

Se o consegui neste livro, muito se deve a eles e também à editora.


Trabalhar o livro na Penguin fez-me evoluir bastante porque o livro passou por mais pessoas, incluindo a minha editora, que é bastante pragmática e sincera e isso é ótimo. O processo deles dá-me confiança de que fizemos um bom trabalho e de que os leitores verão recompensados o dinheiro e o tempo que vão investir no livro. Acredito que não se vão arrepender!


GB: Que nos podes dizer sobre os planos de escrita para o futuro?


BMF: O terceiro livro da Série Mortal já está escrito e está com a minha editora (que irá pegar nele assim que tenha tempo) e será lançado em 2023. Neste momento, e até o Henrique me permitir, estou a escrever o quarto livro da série, que sairá em 2024. Gostava de o terminar antes de o Henrique nascer, só para ter trabalhado adiantado, mas acho que não vai dar. No entanto, não estou preocupado porque estou bastante adiantado e tenho tempo para o terminar. O que quero mesmo é conhecer o Henrique e ser o melhor pai possível para ele.


LGB: Como encaras uma Folha em Branco?


BMF: Continuo a encarar com bastante entusiasmo e com a perspectiva de escrever coisas que façam os leitores entusiasmarem-se, rirem, emocionarem-se e surpreenderem-se. É sempre com os leitores em mente, e as suas possíveis reações, que eu desenho o enredo e que escrevo os meus livros. Continuem comigo nesta demanda, que há muito para acontecer e para viver 🧡


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